quarta-feira, 15 de setembro de 2021

O adeus do Roxy: Cinema de rua no Rio fecha e prédio colocado à venda

 Grupo Severiano Ribeiro, dono da rede Kinoplex, confirmou o encerramento das atividades; paralelamente, Prefeitura do Rio decidiu que local não pode ter sequer seu ramo alterado sem aval da mesma

Luca Ribeiro

Fonte: uol.com.br e diariodorio.com.br

Em: 09/06/21


Marco do Rio, o Cine Roxy é o último cinema de rua de Copacabana, na zona sul, a fechar as portas. A disseminação das plataformas de streaming e a pandemia foram determinantes para o fim. Difícil achar um carioca com mais de 30 anos que não tenha uma história emocional forte com o cinema, inaugurado há 83 anos, e que foi palco de alguns dos maiores lançamentos da história do cinema nacional e internacional. 

Fachada do cinema Roxy, localizado no bairro de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro.
Imagem: estadaoconteudo.com.br


Após meses fechado, o cinema voltou a funcionar em outubro, mas fechou novamente em dezembro. O grupo Kinoplex informou na ocasião que iria esperar até que toda a população do Rio estivesse vacinada para reabrir em segurança. Aparentemente, a hipótese foi descartada. O imponente imóvel em estilo art déco, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, está à venda por cerca de R$ 30 milhões, segundo publicou O Globo. Quem comprar o prédio de 2,5 mil metros quadrados pode até mudar a função, mas terá de preservar praticamente todas as principais características arquitetônicas do imóvel, tombado pelo patrimônio histórico do município desde 2003.

"O tombamento levou em conta o fato de o antigo cinema representar um marco referencial na cultura cinematográfica da cidade e a importância arquitetônica original, marco da engenharia moderna na cidade do Rio de Janeiro", informou, em nota, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade.

" É o fim de uma era, a era dos grandes cinemas catedrais, dos quais o Roxy foi um dos mais importantes representantes. É uma perda lamentável", afirmou o cineasta e diretor do site FilmeB, Paulo Sérgio Almeida. 

Ainda segundo o IRPH, ”com o decreto, o estabelecimento pode se candidatar à obtenção de benefícios e incentivos para a manutenção do negócio” e ”passa a integrar uma lista de pontos comerciais que inclui charutarias, tabacarias e restaurantes tradicionais”.

O Grupo Severiano Ribeiro vem, durante anos, subsidiando a operação do Cine Roxy, que se tornou cada vez mais deficitária. Em 2019, antes da pandemia, por exemplo, o cinema alcançou um público muito aquém do esperado, ficando 43% abaixo da média do grupo. Com a pandemia, em março de 2020, todos os cinemas foram fechados e assim permaneceram por cerca de oito meses, o que gerou um prejuízo econômico incalculável ao Grupo, que, na ocasião, inclusive, manteve o difícil compromisso de conservar o emprego de todos os seus colaboradores e honrar obrigações financeiras altíssimas. E, até hoje, vem lutando por sua sobrevivência nesse momento de dificuldades econômicas nunca vividas e sequer imaginadas em 104 anos dedicados à exibição.

Cine Roxy, em Copacabana
imagem: diariodorio.com.br

Em outubro de 2020, com a reabertura dos cinemas mais uma vez o Roxy demonstrou sua inviabilidade, agravada pela característica de ter um público predominantemente sênior. Isso fez com que recebesse, em uma semana, apenas 24 pessoas, o que corresponde a oito por sala em um dia inteiro de operação, obrigando o Grupo Severiano Ribeiro a fechar suas portas e hoje, sem condições de manter sua operação, fechar definitivamente.”


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